Paraibana fez rifa, juntou latinhas, alumínio e plástico e recebeu doações.
Estudante Pedro Fernandes faz intercâmbio na Finlândia há quase um ano.
Meus filhos vão realizar tudo que eu não pude realizar”, confessou a
paraibana Isabel Cristina Fernandes, de 51 anos, que lutou contra a
própria realidade para que o filho Pedro, de 18 anos, realizasse o sonho
de estudar em um intercâmbio na Finlândia. Natural da cidade de Picuí e
trabalhando há 24 anos na sede recreativa da Associação dos Magistrados
da Paraíba, em Cabedelo, junto com o marido Milton Viana, Isabel conseguiu arrecadar mais de R$ 1,2 mil coletando material reciclável.
Latinhas, alumínio e plástico ajudaram o filho a se manter no país onde
começou a estudar idiomas. Hoje, além de trabalhar com o marido na
Associação dos Magistrados, onde também mora há 24 anos, Isabel faz
cocadas, trufas, cupcakes e outros doces para ajudar no custeio. O que
iria para o lixo no trabalho, Isabel transformava em dinheiro. No
caminho para a igreja, também apanhava o que conseguia.
Uma arrecadação dos magistrados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, de
São Paulo e de Pernambuco, ajudou Isabel a completar R$ 30 mil para
realizar o sonho do filho. "Eu ainda vou para longe, ainda vou voar,
morar em outro país", foi com esse desejo de Pedro que tudo começou,
conforme conta Isabel.
Para ela, a única solução era o filho estudar. Ele queria fazer algum
curso de idiomas, mas se a mãe utilizasse o dinheiro para isso, a
família não teria o que comer. Então Pedro começou a estudar por conta
própria, no computador. “Assistia seriado sozinho e sempre cantava em
inglês, para aprender”, contou Isabel. Quando uma mulher de Taiwan se
hospedou no clube da associação, todos ficaram surpresos com a
desenvoltura de Pedro para conversar em inglês.
Isabel fez a inscrição de Pedro na associação Rotary para tentar o
intercâmbio e, após a realização da prova, ele foi classificado em
oitavo lugar. Na preparação da papelada necessária, mais um desafio.
“Quando eu vi o que eu tinha que pagar eu pensei que ele não ia mais”,
refletiu a mãe.
A campanha atingiu amigos de Isabel e do magistrado Manoel Abrantes,
que ajudou junto a outros a reunir o dinheiro necessário. No início,
eles precisavam de mais de R$ 5,2 mil para dar início à viagem. Em menos
de três dias, a conta bancária de Isabel já somava R$ 6 mil.
*G1/PB